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  • Foto do escritorCampanha Nacional pelo Direito à Educação

"Como fazer lição com meu filho se eu só tenho um celular e 4 crianças?"

Atualizado: 8 de jun. de 2020

por coletivo 'Nós, mulheres da periferia'


Foto de um portão fechado com anúncio fixado com o escrito "Aulas Suspensas!". À frente do portão, há um corredor em área externa.

Janaína tem, ao todo, 259 alunos, do 7º ao 9º ano, da rede municipal de ensino da capital paulista. As meninas e meninos têm entre 11 e 15 anos e vivem na região do Valo Velho, no extremo sul da capital.


Desde o dia 23 de abril, é pela Sala Online do Google (Google Class Room) e por grupos de WhastApp que eles trocam atividades e expressam seus sentimentos diante das dificuldades em realizar as atividades de maneira remota.


Os desafios não são poucos e passam, principalmente, pelo acesso à internet. A maioria não possui computador em casa e, muitas vezes, dividem o aparelho com os demais membros da família.


"Professora, como é que eu vou fazer lição com meu filho se eu só tenho um celular e eu tenho quatro crianças? Meu celular não é um celular tão potente, então, não posso baixar lição assim para todo mundo", foi uma das primeiras mensagens que Janaína recebeu de uma mãe com três filhos na escola.


Muitas das famílias têm acesso à internet apenas por pacotes móveis de celular. Dependendo do vídeo ou do site que a professora pede para acessar, o pacote acaba. Essa realidade não é só dos alunos de Janaína, mas também de boa parte do Brasil.

Segundo o Comitê Gestor da Internet no Brasil, em 2018, o telefone celular era o único meio de acesso à Internet, sobretudo nas classes C (61%), e D/E (85%). Segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), 55% dos acessos móveis do país são pré-pagos. Essas informações são da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, que produziu o Guia Covid-19: Educação a Distância, para auxiliar o poder público, as professoras e professores e famílias neste momento de crise.


Por mais que Janaína tente, é impossível criar uma rotina. Ela começa sempre às 8h, mas, diante dos percalços de acesso dos estudantes, acaba ficando disponível durante todo o dia, dividindo-se entre os afazeres domésticos, cuidado com a filha e também prestando auxílio emocional a alguns jovens.


“Em momentos diferentes, duas alunas disseram o seguinte: ‘eu só vou poder fazer sua lição à noite, quando a minha mãe chega do trabalho, porque eu vou fazer a lição no celular da minha mãe’”, conta.


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