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Foto do escritorCampanha Nacional pelo Direito à Educação

EaD na visão de uma Estudante da Escola Pública

Atualizado: 9 de jun. de 2020

por Kaylane da Silva Ribeiro, estudante do Ensino Médio de Guarulhos, da escola Vereador Antônio de Ré

Criança procura país num globo terrestre. Suas mãos são pequenas e têm as unhas pintadas de azul.

No ano de 2020 surgiu um vírus que nos abalou em escala mundial. No Brasil, a pandemia se alastrou de forma rápida. Em meio a distanciamentos sociais, medidas (ou falta delas) governamentais, as diversas áreas que compõe a nossa sociedade foram se adequando, cada um à seu modo. Serviços não-essenciais fecharam, desemprego bateu à porta de diversos trabalhadores, e o povo finalmente aprendeu a valorizar profissionais da saúde.


Com uma preparação coberta de incertezas sobre o momento que seria vivido pela nação, as instituições de ensino foram fechadas. De creches até universidades.


Eu, enquanto estudante do Ensino Médio, jovem, tento entender o que vivemos, todas as crises que o país passa (sendo elas: sanitária, política e econômica), o ensino me foi retirado. Com incertezas de retorno, a colocação se teríamos alguma forma de estudo, os estudos para o tão aguardado ENEM. Tudo isso paralisado por tento indeterminado.


Os estudantes da escola pública sempre foram atrasados quanto ao ensino. É inegável a defasagem sofrida pelos estudantes quanto a conteúdo. Antes mesmo da pandemia sofríamos com falta e trocas constantes de professores, a falta de reparos na estrutura, até mesmo atraso e falta de materiais. O atual governo considera investimentos em educação como despesa, tanto que houve congelamento de verba nessa área no ano passado.


Há muitas questões que envolvem o Estudo a Distância. De recursos importantes como celulares, computadores, internet, até condições psicológicas, financeiras e econômicas. Muitos estudantes sofrem com falta de alimento, ou com casas em estado precário. Todas essas coisas, ignoradas pela atual gestão do Estado.


A má convivência, a falta de espaço e/ou privacidade, todo o conforto que a casa pode oferecer, tarefas dentro da própria casa. Todas essas coisas contribuem para que o aluno se disperse e até mesmo se esqueça de suas tarefas acadêmicas. Muitas vezes, o ambiente escolar é visto como refúgio para muitos alunos que encontram dificuldades na convivência com quem moram. Isso influi muito, pois acaba incapacitando o aluno.


Até mesmo cabe falar aqui as dificuldades que jovens e adolescentes encontram para lidar com seus próprios sentimentos, ao tentar entender o momento vivido, suas transformações enquanto ser humano, e novamente, o ambiente familiar em um momento de convivência e confinamento extremos.


Tudo isso tem importância ao levantar o debate sobre o ensino a distância nas escolas públicas. É importante, além dos alunos, os professores. Muitos, por idade, ou falta de prática com veículos de mídias tecnológicas demoram a se adaptar com uma nova ótica de ensino, sob um momento extremamente delicado. Ambas as partes precisam de um processo de adaptação, que muitas vezes é negligenciado pela pressa que se tem para conclusão do primeiro bimestre.


Estar em casa confinado, com a missão de estudar em meio a todas as situações citadas a cima se torna uma tarefa praticamente impossível. É muito difícil manter a concentração, entender coisas somente por textos, pois muitas vezes temos o conteúdo, mas não recebemos explicações. A Escola Pública tem resistido em um momento crítico do país, com todas as crises. O adiamento do ENEM foi um suspiro de alívio no meio estudantil. Mas não se pode esquecer que estudantes com boas condições sociais não foram afetado pois têm uma boa estrutura de estudo. A propaganda do ENEM desse ano foi exclusiva para esse público, que têm condições, gerando polêmicas. E justamente nesse momento a Escola Pública se levanta. Não só não podemos, como não devemos aceitar esse tipo de coisa. Frases como “uma geração de novos profissionais será perdida”, “estude de qualquer forma, de qualquer lugar”. Esse tipo de mídia não alcança a todos os estudantes, uma vez que, repito, o Ensino a Distância não é igualitário, é inegável a defasagem que é sofrida por estudantes da Escola Pública.


Discursos como esses só fortalecem o discurso meritocrático que nos é imposto há anos. Não vivemos em um país que promove a equidade, e sim a exclusão.


Com isso, posso dizer, a Escola Pública enfrente muitas dificuldades, é inegável sua importância, e, que há muito potencial em muitos do que a frequentam. A Escola Pública nos dias de hoje representa resistência, e acredito que, luta como nunca se fez antes.


Que essa pandemia sirva para que, vejam como a Escola Pública precisa de melhorias, de INVESTIMENTO, pois sem ela nada se faz. Sem professores não há nenhuma outra profissão. Sem o ensino acadêmico nada se pode fazer. Reconheçam o serviço prestado pelo Ensino Público.


Valorizem o Ensino Público.


E por último, mas não menos importante: invistam e acreditem no Ensino Público.


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