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Foto do escritorCampanha Nacional pelo Direito à Educação

MOVA suspenso: São Paulo desumana e criminosa

Atualizado: 8 de jun. de 2020

por Iva Mendes, Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos (MOVA SP)

Foto de divulgação. Duas pessoas negras dão as mãos, mas apenas vemos as mãos.

As aulas do Mova (Movimento de Alfabetização de Jovens e Adulto) da cidade de São Paulo, vinham acontecendo normalmente até ser decretada a suspensão das aulas da rede Municipal e também do Mova devido à pandemia do coronavírus.

Ao ser decretada pela prefeitura e SME (Secretária Municipal de Educação) a atribuição das aulas a distância, o Movimento, em conjunto com a SME, organizou um planejamento de aula a distância para ser trabalhado com os educandos do Mova.

Planejamento de aula

Os e as educadores, através de ligações telefônicas e visitas domiciliares, identificaram os recursos disponíveis nesse momento para começarmos nossas aulas. Os educadores criaram grupos de whatsapp para enviar as aulas aos seus educandos. Para os educando que têm mais dificuldades de acessar o whatsapp, os educadores organizam atividades pedagógicas em saquinhos e levariam até a casa dos educandos, seguindo todos os protocolos de prevenção da Covid-19.


As aulas foram planejadas de acordo com a necessidade de cada turma, colocando em pauta o assunto atual do coronavírus, como sintomas, prevenção, isolamento, vacina e imunidade. Os alunos do MOVA precisam de cuidados, atenção e ser acolhidos com carinho, por serem idosos carentes e em especial estrangeiros (na realidade de algumas turmas, o trabalho dos educadores/as, vai muito além da sala de aula).


É preciso fazer um planejamento lembrando que alguns alunos estão sozinhos, isolados ou com uma família difícil, passando necessidades, com medo da atual realidade do mundo. É preciso abordar temas como família, higiene, amizade, fé, coragem, partilha, solidariedade, medo, etc. Sempre com cuidado, pensando no bem estar e equilíbrio emocional dos nossos alunos.

DESAFIOS

Meu maior desafio é trabalhar online e prender a atenção dos alunos, e também tentar abranger a todos, o que não é possível. Tenho alguns alunos respondendo muito bem via whatsapp e estou passando atividades no caderno (com todo cuidado) para outros que não possuem acesso à internet. Tenho alunos que sofrem por estar longe da família e com isso ficam sem paciência e não conseguem participar das atividades. Nossos educadores não os deixam de fora, procuram estar sempre em contato via telefone ou por áudio via whatsapp.

PONTOS POSITIVOS

É difícil enxergar algo positivo nesse momento de caos, talvez possa ver algo de positivo em longo prazo. Mas se é para citar algum vou agradecer à tecnologia, que na minha realidade está funcionando bem, claro com minha simplicidade de recursos meu celular está me ajudando muito.

PONTOS NEGATIVOS

Não conseguir engajar todos os alunos podendo levá-los à evasão.

Nossa maior dificuldade foi que em pouco tempo tivemos uma mudança e não estávamos habituadas a trabalhar dessa forma. Aprender a lidar com as novas ferramentas tecnológicas, a conexão que nem sempre é boa e a preocupação "será que estou agradando meu aluno?". É uma insegurança que recai sobre os educadores.

Para os educandos, a maior dificuldade é o acesso à internet. Nesse momento de crise, entre comer e colocar crédito em seu celular ou pagar uma internet, a prioridade é alimentar-se.


Os educandos ficam muito agradecidos por não termos perdido contato e nós sempre perguntamos como eles estão. Os educandos dizem sentir muita falta das aulas presenciais.


DENÚNCIA: SUSPENSÃO DO FINANCIAMENTO DO MOVA

Mesmo os educadores tendo todo o trabalho e preocupação no atendimento e na oferta das aulas a distância, utilizando seus próprios recursos tecnológicos e sua própria internet, a prefeitura de São Paulo, junto à SME, utilizando-se da Lei nº 17.335 de 27/03/2020, suspendeu no dia 28/03/2020 a verba de pagamento da ajuda de custo paga aos educadores do MOVA/SP, deixando 560 educadores/as sem receber a ajuda de custo.

Desses 560, 90% são mulheres, mães de famílias que necessitam dessa verba para complementação da renda familiar e muitas dependem unicamente da mesma.

Não levando em conta a desigualdade que se aponta nesse período de pandemia, a prefeitura de São Paulo se mostra desumana e criminosa contra os direitos dos mais vulneráveis. Mesmo tendo a verba suspensa, nosso educadores continuam fazendo seu trabalhos educativos aos nossos 11.714 (onze mil setecentos e catorze) educandos.

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